MUSEU DE NOVIDADES

Este espaço é dedicado à História da nossa música e seus principais personagens.
Porque a memória é o nosso maior patrimônio.


ERNESTO NAZARETH POR ELE MESMO
Gravação raríssima, lançada em 78 rpm pela Fábrica Odeon no Rio de Janeiro, em 1930.
Uma das duas únicas interpretações de Ernesto Nazareth imortalizadas em disco: Escovado era o lado B. Nene e Turuna, também gravadas na época, não chegaram a ser lançadas.
Bem que alguém poderia se interessar em remasterizar e colocar ao alcance do grande público, não é mesmo?...





O PATO E O GATO
Essa é mais uma página da deliciosa Mitologia que circula entre nós, simples mortais, em torno da passagem do gênio João Gilberto neste planeta.
Nos idos de 1960, quando da gravação do seu segundo disco solo, João e o produtor Tom Jobim decidiram incluir no repertório a canção "O Pato", de Jaime Silva e Neuza Teixeira. A obra, que narra de maneira lúdica a reunião de quatro amigos emplumados em torno de um objetivo musical, esconde em sua aparente fragilidade uma linha melódica de extrema qualidade e que seduzia o baiano a ponto de fazê-lo ensaiar à exaustão, em busca da melhor interpretação possível.
A satisfação do obstinado artista em registrá-la no vinil significaria também o alívio supremo de seus amigos e vizinhos, todos involuntariamente submetidos à exaustivas sessões de aprimoramento da peça.
Mas, no dia da gravação, um acidente fatal quase põe tudo à perder:   Astrud, esposa de João Gilberto, liga para o estúdio para comunicar ao seu marido que o seu gato havia morrido. Caíra da janela do apartamento!...
Óbvio que o recado jamais foi dado e "O Pato" finalmente nascia, abrindo asas para uma carreira de grande sucesso. Mas, assim que João sai do estúdio, os músicos são notificados do telefonema e tem início a lenda que correu mundo:   O gato do João Gilberto não aguentava mais "O Pato" e suicidou-se! Pior: Sem saber, coitado, que daquele dia em diante não seria mais obrigado ao massacrante ensaio...
Crueldade maior foi que o personagem principal da trama levou mais de uma década para tomar conhecimento da tal estória, sofrendo com juros a dor da traição e lamentando o fato de não poder se defender na época.
E de não poder falar em nome do felino que,como um dos privilegiados seres que privavam da intimidade de João, deveria amá-lo muito...



JOÃO GILBERTO AMOROSO
Amoroso.
O título traduz com perfeição o que ouvimos no sétimo álbum do baiano mais idolatrado da Música Popular, gravado em 1977, quando ele ainda residia nos Estados Unidos. Aqui, depois do surgimento da Bossa-Nova com a antológica trilogia de LP´s iniciada com Chega de Saudade em 1959, seria  impossível continuar. Antecipando o inevitável, já em 1962, João deixava o seu país. Pouco tempo depois, com a repressão política e cultural no auge, a solução era mesmo amar o Brasil a distancia. Mesmo incompreendido.
O lado A do vinil representa, em quatro idiomas, a busca da universalidade: 'S Wonderful, Estate, Tim-Tim Por Tim-Tim e Besame Mucho. De procedências tão diversas, as quatro se harmonizam no único e inconfundível estilo minimalista da interpretação de João Gilberto. A voz, sem ultrapassar os limites do essencial, surge límpida no ar e nos faz viajar, sobrevoando a trilha firme traçada pela batida sincopada do violão. Um discreto ´jazz trio´  piano-baixo-bateria sublinha a performance do Mestre. Poderia ser apenas isso.
E aí temos o improvável: Os arranjos orquestrais de Claus Ogerman, planejados minuciosamente para não interferir no espaço aéreo do sensível João, mas também para conferir ao disco a sonoridade universal que a obra merece. Mais a vontade em´standards´ de Gershwin, Bruno Martino e Consuelo Velásquez, mais contido no samba de Haroldo Barbosa, o maestro alemão, que já trabalhara antes com Tom Jobim, cumpre a dupla missão com êxito muito acima do esperado. Sem ele, o Amoroso não o seria.
No lado B, João abraça o compositor maior da Bossa-Nova e de tudo o mais que veio com ela: Antonio Carlos Jobim. Wave, Caminhos Cruzados (da safra magistral da parceria com Newton Mendonça), Triste e Zíngaro (mais conhecida como Retrato em Branco-e-Preto, com letra de Chico Buarque). Novamente o maestro acerta a mão e todas as expectativas se superam.
Um clássico da Música Popular do Planeta.

Quem duvidar, que reserve quarenta e cinco minutos para ouvir. E crer.



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